sábado, 28 de abril de 2007

SQ3R

O SQ3R é uma estratégia de estudos que, assim como os flashcards, utilizam corretamente o fenômeno da reminiscência para otimizar os estudos. O nome é uma abreviação das cinco etapas da estratégia: Skim, Question, Read, Recite e Review.

  1. Skim (1 minuto): Antes de começar a ler, dê uma olhada por todo o capítulo. Dê uma olhada nos resumos (abstract) esquemas e conceitos a serem estudados. Analise rapidamente a relação de hierarquia entre cada tópico. Essa leitura prévia (muito ensinada em cursos de leitura dinâmica) é muito útil como preparação para o aprendizado.
  2. Questões (menos de 1 minuto): Questione-se sobre a importância do capítulo. O que devo aprender ao ler esse capítulo? Do que ele se trata? Repita essa etapa sempre que for iniciar uma nova seção ou capítulo.
  3. Read - leitura : Leia o capítulo inteiro de uma vez. Evite particionar o assunto a ser lido, pois você pode perder a idéia de conjunto (efeito ponta da língua). É importante que essa leitura seja feita com bastante atenção. Desse modo, evite um ambiente muito barulhento ou inadequado para o estudo.
  4. Recitar/escrever: Anote pequenas palavras-chave (ou um mapa mental) que lhe façam lembrar de todo o texto e conte com suas próprias palavras o texto lido. É importante anotar suas visões sobre o texto (resumo pessoal) em vez de simplesmente copiar as frases do livro. Desse modo, consegue-se uma maior articulação sobre o texto lido. Lembra-se do artigo sobre a sinestesia? É a melhor hora para utilizar todos os seus sentidos para não se esquecer de nada. Uma outra estratégia interessante é a criação de novas perguntas e suas respectivas respostas sobre o assunto, como se você fosse o professor e o aluno ao mesmo tempo. Esse é o momento para fazer todos os exercícios que seu livro ou apostila contém sobre o assunto.
  5. Revisão (menos de 5 minutos): É a hora de colocar seus estudos a prova. Tente falar sobre o assunto estudado sem utilizar qualquer material. Ainda está com algum a dúvida? Refaça os passos 2 a 4 novamente.
Que tal começarem agora?

Sucesso a todos!

Continue lendo…

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Multiplicação curiosa [1]


Em épocas de ensino médio, como diversão de um nerd confesso, criava algoritmos para agilidade em multiplicações mentais. E alguns são até dignos de serem mencionados. Um deles:

Elevando números ao quadrado, de dois algarismos e terminados em 5;

15x15 = 225

Cabe notar que a parte final sempre será 25, a outra será dada por:

Seja “a” um número qualquer de 0 a 9, daí,
a5xa5 será iqual ao “a” vezes seu sucessor (a+1), com a terminação 25,
Praticamente:

35², a=3, então a(a+1)=3(3+1), ou seja, 3x4=12
daí, 35²=1.225

95², 9x10=90 ---> 9.025
55², 5x6=30 ---> 3.025

Espero que gostem e entendam!
Qualquer dúvida:

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=19810354

Abraços!

Continue lendo…

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Tira dúvidas!


Amigos, tenho recebido muitos e-mails com dúvidas muito interessantes sobre memorização, leitura dinâmica, concentração e técnicas de estudo. Seria mais interessante que essas dúvidas fossem postadas em minha comunidade de leitura dinâmica e memorização, para que todos pudessem compartilhar das respostas e debates propostos:

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=595989

Sucesso a todos!

Continue lendo…

terça-feira, 24 de abril de 2007

Flash cards

Boa noite a todos! Anteriormente, postei sobre o fenômeno da reminiscência, onde explico por que é importante que façamos repetições espaçadas para o aprendizado. No entanto, recebi alguns e-mails questionando qual a melhor forma de fazer esse estudo espacejado. Apesar de existirem muitas formas de se utilizar a reminiscência para estudar, decidi escolher os flash cards como a primeira técnica a utilizar o descanso após cada repetição para os estudos.


Flash Cards

Flash card é um pedaço de papel (geralmente cartolina), utilizado como ferramenta para o aprendizado. O tamanho de cada flashcard é variável. Recomendo que o tamanho seja compatível com o tamanho de sua carteira ou bolso da calça.

Em cada cartão você escreve alguma pequena informação que você deseja aprender: leis, fórmulas ou até mesmo tabuada. Você deve guardar todos esses pequenos cartões em um local de fácil acesso (geralmente a carteira), para que você possa verificá-los durante todo o dia.

Os flashcards funcionam por dois grandes motivos:

a) Respeitam o fenômeno da reminiscência
b) Utiliza melhor seu tempo livre, visto que você pode dar uma pequena olhada em cada um deles no ponto de ônibus, sala de espera do dentista ou até mesmo no trabalho (se você não for piloto de avião, claro).

Os flashcards foram introduzidos na aprendizagem por um cientista alemão chamado Sebastian Leitner, nos anos 70. Essa é a forma como seu método funcionava: cada cartão continha uma pergunta de um lado e no verso a resposta. Ao ler a pergunta, o estudante verificava se sabia a resposta. Caso afirmativo, o cartão era movido para o bloco de cartões já estudados. Caso o estudante desconhecesse a resposta, o cartão era movido pro bloco de cartões a serem revistos posteriormente.

Espero que os ajudem! Qualquer dúvida, favor comentar logo abaixo, no espaço adequado, para que todos possam ler a resposta.

Abraços!

Alberto Dell'Isola

Continue lendo…

A Super-memória de Pedro de Ravena




Nos séculos passados o cultivo de uma boa memória era algo socialmente indispensável. Isso levou o homem à produção de diversos tratados sobre diferentes metodologias que visavam descrever e aperfeiçoar a memória humana. Dentre estas metodologias utilizadas para aperfeiçoar a memória, existiam técnicas tidas como naturais e artificiais; e dentre as artificiais existiam duas destas técnicas, ou metodologias, que eram as mais conhecidas: a utilização de determinadas drogas, e a arte da memória.


A utilização de determinadas drogas para ampliação da memória sempre foi muito criticada. O filósofo Raimundo Lúlio, por exemplo, que foi um dos grandes teóricos a falar sobre a memória, dizia que achava extremamente perigoso esta utilização de drogas para estimulo da memória, pois isto insultava o corpo humano, era capaz de secar o cérebro, capaz de levar a pessoa à loucura, e que também desagradava a Deus.


A outra forma artificial de se aperfeiçoar a memória era conhecida como ars memoriae - a arte da memória. A invenção da Arte da memória é atribuída aos gregos. No entanto, supõe-se que deva ter existido algo semelhante também no Egito, na China e na Índia. No mundo ocidental esta arte possuiu uma enorme repercussão na era medieval, vindo a quase desaparecer na renascença.


Pedro de Ravena foi outro dos grandes teóricos que discutiu e aprofundou os conceitos desta arte da memória. E é sobre a vida deste célebre autor que pretendemos tratar no transcorrer deste artigo.


PEDRO DE RAVENA E A ARTE DA MEMÓRIA

Pedro com apenas 20 anos, havia demonstrado frente a seu mestre de jurisprudência da universidade de Pávia, Alessandro Tartagni, ser capaz de recitar de memória totum codicem iuris civilis (o código civil completo), texto e até mesmo o número das páginas, e de repetir palavra por palavra as próprias lições de Alessandro. Anos mais tarde, em Pádua, havia impressionado o colégio de canônicos regulares ao recitar de memória algumas prédicas que havia escutado uma única vez. Assim foi que Pedro de Ravena iniciou sua notável carreira, vindo a tornar-se um dos mais conhecidos memoriões da história.

Pedro de Ravena foi professor de direito em Bolonha, Ferrara, Pávia, Pístola e Pádua. Ele contribuiu sem dúvida alguma a difundir o interesse pela ars memorativa em toda a Itália. A notoriedade deste personagem terá notáveis conseqüências. Em 1941 ele publica pela primeira vez o seu tratado de memória artificial: Phoenix seu artificiosa memória, obra que terá grandessíssima ressonância, e que influenciará nas obras de futuros grandes autores, como por exemplo, Giordano Bruno. A difusão desse seu escrito, publicado a primeira vez em Veneza, reeditado depois em Viena, Vicenza e Colônia, traduzido ao inglês (por volta da metade do século XVI) de uma edição anterior em francês, basta por si mesmo para mostrar o interesse que despertava a memória artificial em ambientes no solo italiano dos fins do século XVI e a primeira década de XVII. Pedro de Ravena exercerá uma amplíssima influencia na posterior produção de mnemotecnia, uma vez que todos os teóricos Italianos e Alemães dos séculos XVI e XVII se referirão a ele como sendo um excelso mestre nesta arte.

A pequena obra de Ravena se constrói de acordo com os conhecidos esquemas da tradição ciceroniana. Esta tradição da arte da memória tinha como um de seus livros básicos e fundamentais a obra Rethorica ad herennium. No entanto, convém observar que a autoria desta obra é atribuída a Cícero, mas cujo autor verdadeiro seria na verdade desconhecido.

A arte da memória consistia basicamente em fixar na imaginação um ambiente composto de uma série de lugares, para que posteriormente se pudesse distribuir por todos esses lugares diversas imagens referentes a tudo aquilo que se fosse lendo ou ouvindo. Depois, bastaria repassar mentalmente aqueles lugares por sua ordem, para fim de resgatar a lembrança das coisas que neles foram colocadas. Por fim, restaria apenas “decodificar” as imagens, transformá-las novamente em palavras ou sons.

A arte da memória era na verdade uma espécie de escritura mental, em que esses ambientes possuíam a mesma utilidade de uma folha de papel, e os demais lugares presentes neste ambiente: cômodos, estátuas, portas, mobílias, etc. eram como se fossem as pautas desta folha, nas quais, as imagens posteriormente adicionadas corresponderiam às letras, palavras ou frases.Para se poder usufruir desta técnica era necessário primeiramente definir ou preparar estes ambientes, os quais poderiam ser reais – algum lugar que a pessoa visitou e que lembra detalhadamente de memória - ou então, simplesmente inventados. E quanto a isso Pedro de Ravena afirmava que podia dispor de mais de 100.000 lugares (ou ambientes), os quais havia construído para dar conta de qualquer conhecimento referente ao direito e as sagradas escrituras. Dizia ele que toda vez que visitava uma nova cidade não deixava de construir novos lugares para a sua memória.

No que diz respeito às regras que se referem à busca de lugares, Pedro pôs sua atenção na função que exercem as imagens, as quais, segundo suas prescrições, para serem verdadeiramente eficazes devem ser verdadeiros “excitantes” para a imaginação:

“Normalmente coloco nos lugares jovens charmosíssimas as quais excitam muito minha memória... E acreditem-me: se me sirvo de jovens belíssimas como imagens, me ocorre que repito essas noções que havia fixado na memória com maior facilidade e regularidade. Revelarei-te agora um segredo muito útil para a memória artificial, um segredo que por pudor calei-me durante muito tempo. Se desejas recordar rápido, coloca virgens belíssimas nos lugares; de fato, a memória se excita de forma maravilhosa com a utilização das jovens... Este preceito não funcionará para aqueles que odeiam e depreciam as mulheres, os quais terão maior dificuldade em obter os frutos desta arte. Perdoem-me os homens castos e religiosos; tinha a obrigação de não calar uma regra que me tem concedido elogios e prestígio nesta arte, além do mais, também desejo com todas minhas forças deixar excelentes sucessores ”.

Uma característica marcante deste personagem será o seu empenho referente a sua autopropaganda, seu desejo manifesto de despertar admiração no ânimo de seus leitores. Em várias ocasiões, ele não deixa de falar sobre sua prodigiosa habilidade:

"A universidade de Pádua é meu testemunho: todos os dias eu sem necessidade de nenhum livro leciono minhas lições de direito canônico, exatamente como se as tivesse frente a meus olhos; recordo de memória o texto e as páginas e não omito a mais insignificante sílaba... Tenho posto 20.000 passagens de direito canônico e civil em 19 letras do alfabeto, e, na mesma ordem, também 7.000 passagens de livros sagrados, 1.000 poesias de Ovídio... 200 sentenças de Cícero, 300 ditos de filósofos, a maior parte da obra de Valério Máximo".


No prefácio de seu livro Phoenix seu artificiosa memória, podemos encontrar diversos relatos de Pedro de Ravena sobre alguns episódios de sua vida:

"Ensinei em Bolonha, Pavía e Ferrara, e meus ouvintes têm aprendido muitas coisas sobre memória, e ainda que minha memória artificial esteja comprovada pela autoridade de outros, não creio pecar se neste livro se lêem fatos meus que o provem admiravelmente. Quando era eu estudante de direito, que ainda não tinha cumprido vinte anos, disse na universidade de Pádua que podia recitar todo o Código Civil, pedi que me propusessem leis a capricho dos assistentes, e propostas me foram feitas, disse-lhes os sumários de Bártolo, recitei-lhes certas palavras do texto, expus-lhes o caso, as observações dos doutores as fui examinando, disse-lhes quantas páginas tinha aquela lei e lhes recordei sobre que palavras versavam, recitei-os de forma contrária e os resolvi. Os presentes pareciam ter visto um milagre; Alessandro de Imola ficou pasmado por longo momento, nem é fábula o que conto, que falava eu em público na universidade de Pádua, e se o dito de dois ou três testemunhas confirma um acerto, três tenho eu destas coisas, a saber, ao magnífico senhor Juan Francisco Pasqualico, senador veneziano e doutor excelentíssimo em ambos direitos, e agora legado ante o ilustríssimo duque de Milão; ao claríssimo doutor Sigismondo dei Capi, nobre cidadão de Pádua, cujo advogado era o mencionado Francisco, de agudíssimo talento; ao respeitável senhor Monaldino de Monaldini, residente em Veneza, varão em quem habita toda virtude.

As copiosíssimas lições que nos dava em Pádua Alessandro de Imola, retinha-las eu na memória, e se as punha por escrito, palavra por palavra, assim que as acabava, com grande cópia de ouvintes a quem também as recitava desde o princípio, e às vezes em sua escola, ouvida a lição, punha-a eu em verso, parte por parte, e em seguida as recitava, e se pasmavam quem isto viam; disto ponho por testemunha ao ilustre cavalheiro, doutor dom Sigismondo dei Capi dei Lista, e ao filho de Alessandro de Imola, atualmente celebérrimo jurisconsulto.

Ao religiosíssimo frade Miguel, de Milão, que ao amadurecimento pregava em Pádua, repeti-lhe de cor e prontamente as cento e quarenta e cinco autoridades que acabavam de abordar em prova da imortalidade da alma, e ele, abraçando-me, disse-me: vive longos anos, jóia única, que oxalá te visse entregar-te à religião. Testemunha foi toda a cidade de Pádua, mas eu ponho por tal ao magnífico senhor Juan Francisco Pasqualico e a dom Sigismondo dei Capi e a dom Monaldino de Monaldini. Já formado doutor na Universidade de Pádua, na cátedra pedi que algum dos ouvintes me desse o volume que quisesse de um dos três do Digesto e escolhesse o lugar sobre o que eu deveria dissertar, pois lhes tinha dito que sobre qualquer passagem que se me propusesse alegaria eu inumeráveis leis. Testemunhas o claríssimo doutor em ambos direitos dom Gaspar Arsato, que ensina em Pádua direito canônico e o doctíssimo dom Próspero de Cremona, residente em Pádua [...]

Jogava eu uma ocasião o xadrez e conforme se moviam às peças alguém ia anotando todas as jogadas, enquanto ditava eu ao mesmo tempo duas cartas sobre temas que se me tinham dado. Quando terminamos, disse-lhes todos os movimentos que se tinham feito na partida e, palavra por palavra, aquelas duas cartas, quatro séries de coisas, pois, simultâneas. Sejam-me testemunhas dom Pedro de Montagnano e Francisco Nevolino, nobres cidadãos de Pádua.

Estando em Placencia, entrei a ver o mosteiro dos monges negros, e passeando em companhia de um monge, observei duas vezes os nomes dos monges escritos nas portas das celas; e ao vê-los depois a eles congregados o fiz chamando a todos por seu nome, bem que não pudesse assinalar a nenhum dos nomeados. Admiraram-se os monges de que um forasteiro soubesse todos seus nomes, e não saindo eles de seu pasmo, disse-lhes: - Isto pode minha memória artificial. Um deles replicou: - Logo este é Pedro de Ravena, uma vez que nenhum outro haveria podido fazê-lo.

No capítulo geral dos canônicos regulares de Pádua, repeti o sermão de Adeodato Vincentini, diante dele mesmo, pela ordem com que ele o tinha pronunciado. Alguma vez me atraiu a sua contemplação Cassandra, excelentíssima donzela veneziana, e numa ocasião em que leu ante mim algumas cartas que a sereníssima esposa do rei Fernando lhe tinha mandado, memorizei-as e se as recitei; testemunha é disso a mesma doctíssima donzela; dom Pablo Raimusio, excelente doutor de Rímini e o ilustre senhor Angel Salernitano. De minha memória artificial é testemunha o ilustríssimo marquês Bonifácio e seu bellíssima esposa, que me fez uma enorme cortesia; testemunha é o ilustríssimo duque Hércules e sua ilustríssima esposa Leonor; testemunha toda Ferrara, pois que recitei dois sermões do celebérrimo pregador da palavra de Deus, Mariano o ermitão, ouvindo os quais ficou pasmado o douto maestro e disse:

"Ilustríssima duquesa, isto é obra divina e milagrosa"; testemunha a Universidade de Pádua, pois que todos os dias dou minhas lições de direito canônico, sempre sem livro, como se o tivesse ante os olhos, pronunciando texto e páginas de cor sem omitir uma sílaba, ao que parece. Gravei em minha memória, colocados por dezenove letras do alfabeto, vinte mil lugares de alegados de ambos direitos, pela mesma ordem, sete mil dos Sagrados Livros, mil versos de Ovídio, que encerram as coisas que sabiamente disse, duzentas autoridades de Cícero, trezentos ditos de filósofos, grande parte de Valério Máximo, estudos sobre a natureza de quase todos os animais, bípedes e quadrúpedes, palavra por palavra; e quando quero experimentar o poder da memória artificial, peço que me proponham uma daquelas letras do alfabeto, e proposta, começa sobre ela meus alegados, e para que claramente os entendas, tenho aqui um exemplo; se me propõe agora a letra A, em grande participação de doutos varões, e para começar com o direito, pronunciarei em seguida mil e mais alegados sobre alimentos, alienação, ausência, árbitros, apelações e restantes temas semelhantes de nosso direito que começam com dita letra A; depois, na Sagrada Escritura, do Anticristo, da adulação, e tantos outros temas que nela começam pela dita letra, nem omitirei poemas de Ovídio, autoridades de Cícero e de Valério, sobre o asno, o águia, o cordeiro [agnus], o gavião [accipitre], o javali [aper], o carneiro [áries]; e tudo poderei dizer de novo de trás para frente [...]".


A grandíssima fama de que gozava esta singular figura como Jurista na Itália e Europa, estava baseada tanto em seus indiscutíveis conhecimentos jurídicos, como no fato de que este se apresentava como a demonstração viva da validez de uma arte em que estavam postas as esperanças e aspirações de muitos".

Na primeira edição impressa de sua obra Phoenix seu artificiosa memória em 1491, Pedro de Ravena precedia o texto com algumas cartas de privilégio escritas pelo município de Pistola (12 de setembro 1480); por Bonifácio, marquês de Monferrato (24 de setembro de 1488) e por Leonor de Aragão, duquesa de Ferrara (10 de outubro de 1491). Ao acompanharmos uma dessas cartas, podemos adquirir uma breve noção do amplo prestigio que Pedro de Ravena dispunha em tal época:

"Leonor de Aragão, duquesa de Ferrara, etc. Porque Deus, doador imortal de todos os bens, quis concedê-lo ao gênero humano, desde a constituição do mundo até esta época, surgiram na órbita da terra numerosos excelentes varões, entre as quais temos, agora, ao distinto e condecorado militar, insigne jurisconsulto em ambos direitos, Pedro Tomás de Ravena, portador destas nossas letras, quem, além de outras qualidades de corpo e ânimo, destaca-se de tal modo por todo gênero de doutrina e por sua tenacíssima memória, que não só não parece ter quem o supere, senão nem sequer quem o iguale. E de que o comprovou com fatos muito recentemente, não somos testemunhas somente nós, senão toda nossa cidade. Daí que, com singular admiração e distinto afeto, tenhamo-lo recebido, com preferência a outros, entre nossos familiares e amigos. Pelo qual rogamos e suplicamos de todo coração a quaisquer sereníssimos reis, ilustres príncipes, excelentes repúblicas e quaisquer outros senhores, pais, amigos e pessoas que bem nos queiram, que por amor nosso, e mais do que nada em atendimento a aos merecimentos e virtudes tão grandes do portador, quantas vezes o dito dom Pedro se apresentar com seus criados e cavalos até em número de oito, com seus haveres e caixas, panos e vestidos, livros e louça de prata e quaisquer efeitos seus ou armas, dêem-lhe franco passe e o tenham por amplíssissimamente recomendado, e se sirvam de provê-lo da escolta conveniente, quando tiver necessidade e ele o pedir, libérrima e prontíssimamente, sem impor-lhe empecilho algum nem outro bloqueio qualquer, em suas cidades, praças, vilarejos, e demais lugares. Do qual receberemos muito contente e ficaremos agradecidos, dispostos como estamos em grande maneira a favorecer-lo quanto seja possível.

Mandamos, além disso, a todos e cada um dos magistrados de nossos lugares, e assinaladamente aos guardiões dos portos, e a todos nossos demais súbditos, que observem e façam observar inviolavelmente em nossos lugares e terras a cada uma das coisas sobreditas, sob pena de incorrer em nossa indignação e de qualquer outra mais grave do que segundo nosso arbítrio se lhe dever impor: para efeito e fé do qual mandamos fazer estas nossas letras patentes, registradas e autorizadas com nosso selo maior. Dado em Ferrara, em nosso palácio ducal, ano da Natividade do Senhor de 1491, indicação nona, a dez dias do mês de outubro. Severio".


Leonor de Aragão convidava toda a cidade de Ferrara para que fosse testemunha da prodigiosa memória deste Raveniano. Bonifácio Del Monferrato, depois de comprovar a extraordinária virtude de Pedro de Ravena, o recomendava efusivamente aos reis, aos príncipes, aos “magníficos capitães” e a todos os nobres cidadãos italianos. Destas feitas que o prestigio e a fama de Pedro de Ravena foi sendo disseminado por todas as partes, atingindo as mais diversas localidades do mundo, e fazendo dele mais uma das figuras imortais impressas para sempre na memória da história da humanidade.

***

Para quê seguir cantando das pirâmides, ou da Babilônia, de Júpiter ou do templo soberbo de Hécate e suas encruzilhadas? Já não admiraremos o imenso anfiteatro que coisas assim puderam sempre erigir as riquezas.

Não presuma já, mais exceção, pondo o seu nome as façanhas de todo um exército. Cante a fama a Pedro, que é a nobre glória de Ravena, que mais pode do que a douta Minerva.

Coisa admirável fizeram os deuses, pois, ainda que soe incrível, retém o que quer que seja na memória ao lê-lo uma única vez. O que um orador diz em três horas pode ele, sem mais, repeti-lo.

Parece que deu a luz a quinta das doutas irmãs, pois que lhe concedeu a musa, piedosa, recordar tudo.

Verso do Fray Egidio de Viterbo em honra de Ravena.


REFERÊNCIAS:

Cícero [???]. Ad C. Herennium de Ratione Dicendi Rhetorica ad Herennium, The Loeb Classical Library; Cambridge: Harvard University Press, 1954.
Lull, Ramon. A Book for Improving Your Memory. Manuscripts digitalized by the Ramon Llull Database - Llull DB. Disponível em: http://orbita.bib.ub.es/ramon/velec.asp.
Yates, Frances A. (1966). The Art of Memory. Chicago: University of Chicago Press, 1966.
Rossi, Paolo. Clavis Universalis. México: Fondo de Cultura Econômica, 1989.

Erros de tradução: Diogo

Continue lendo…

domingo, 15 de abril de 2007

Procrastinação


PERGUNTA: Três sapos estavam descansando em um tronco e um deles decidiu pular. Quantos sapos sobraram no tronco?
RESPOSTA: Três.

Explicação: Apesar de a maioria das pessoas responderem "dois", a resposta correta é "três". O fato de um sapo ter decidido pular não significa que ele realmente pulou.

Ao dar palestras sobre memorização e técnicas de estudo, eu sempre percebia que alguns alunos já sabiam todas as técnicas para ser um ótimo aluno. No entanto, isso não era a garantia de que seriam realmente bons alunos. Existe um grande abismo entre saber o que deve ser feito e realmente tomar a atitude correta. A procrastinação é uma das responsáveis pela existência desse abismo. Como evitá-la?

"Farei isso quando tiver a oportunidade"

Você sabe o que essa frase significa, não sabe? Você nunca terá a oportunidade. Abaixo seguem 8 dicas para acabar com o hábito da procrastinação e começar a realmente fazer as coisas.

  • PARTICIONE. Não veja todas suas obrigações como apenas um grande projeto. Particione seus objetivos, projetos ou tarefas em partes pequenas. Estabeleça um prazo (data e hora) para cada parte.
  • ANOTE. Anote duas metas. Quando você as anota, elas se tornam mais concretas e factíveis. Ao anotar, você está assinando um compromisso consigo mesmo.
  • CONTE A ALGUÉM. Diga a algum amigo, colega ou até mesmo a namorada sobre seus planos. Discuta sobre suas decisões quando elas não couberem apenas a você. Às vezes, o apoio de alguém é tudo o que você precisava para começar.
  • COMPROMISSO. Estabeleça um horário fixo diário para mexer em seu projeto.
  • ORGANIZAÇÃO. Organize o seu espaço de trabalho e obtenha todas as ferramentas necessárias.
  • POST-IT. Mantenha seus objetivos próximos de você. Coloque diversos adesivos do tipo POST-IT ao seu alcance, para que você se lembre de seus objetivos e prazos constantemente.
  • DOMINE SEUS CAPRICHOS. É difícil dominar nossos caprichos. No entanto, é importante que você não deixe que seus caprichos e mimos atrasem seu projeto. Ex: "Eu não assistirei TV enquanto não terminar a primeira lauda do meu projeto." Ahhh! Outra coisa. Você pode enganar a mim, a seus parentes ou até mesmo a sua namorada. No enanto, se enganar é idiotice.
  • RECOMPENSAS. É importante que você se recompense ao alcançar cada objetivo. Você merece!
Uma ótima semana para todos!

Continue lendo…

quinta-feira, 12 de abril de 2007

A tese do coelho


Num dia lindo e ensolarado, o coelho saiu de sua toca com o notebook e pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois, passou por ali a raposa e viu aquele suculento coelhinho, tão distraído, que chegou a salivar. No entanto, ela ficou intrigada com a atividade do coelho e aproximou-se, curiosa:

R - Coelhinho, o que você está fazendo aí tão concentrado?

C - Estou redigindo a minha tese de doutorado - disse o coelho sem tirar os olhos do trabalho.

R - Humm .. . e qual é o tema da sua tese?

C - Ah, é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais de animais como as raposas.

A raposa fica indignada:

R - Ora! Isso é ridículo! Nos é que somos os predadores dos coelhos!

C - Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu mostro a minha prova experimental.

O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois ouvem-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois silêncio. Em seguida o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma os trabalhos da sua tese, como se nada tivesse acontecido. Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho tão distraído, agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido. No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando naquela concentração toda. O lobo então resolve saber do que se trata aquilo tudo, antes de devorar o coelhinho:

L - Olá, jovem coelhinho. O que o faz trabalhar tão arduamente?

C - Minha tese de doutorado, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.

O lobo não se contém e cai na gargalhada com a petulância do coelho.

L - Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito. Nós, os lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa...

C - Desculpe-me, mas se você quiser eu posso apresentar a minha prova. Você gostaria de me acompanhar à minha toca?

O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte. Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois ouvem-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e ... silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível, e volta ao trabalho de redação da sua tese, como se nada tivesse acontecido... Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensanguentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos. Ao centro das duas pilhas de ossos, um enorme LEÃO, satisfeito, bem alimentado e sonolento, a palitar os dentes.


MORAL DA HISTORIA:

- Não importa quão absurdo é o tema de sua tese.

- Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico.

- Não importa se os seus experimentos nunca cheguem a provar sua teoria.

- Não importa nem mesmo se suas idéias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos...

- o que importa é QUEM É O SEU ORIENTADOR...

Continue lendo…

O bom capitão

Boa tarde!

Infelizmente estou com algumas pendencias academicas e não poderei postar sobre procrastinação hoje. No entanto, deixarei duas fábulas muito bacanas. A primeira, é a do bom capitão.

O bom capitão

Havia um navio a vapor, em águas inglesas, velho, pesado e aparentemente impróprio para continuar navegando, que toda vez que chegava nas docas, de forma desajeitada, derrubava alguma parte do portão de entrada.

Porém, um certo dia, quando se aproximava e todos observavam para ver que tipo de estrago faria, ele passou suavemente, deslizando sobre as águas, sem que nada de anormal fosse visto.

Um dos expectadores gritou:
- "O que houve com o velho navio? Alguma coisa aconteceu."

Um dos membros da tripulação, respondeu:
"É o mesmo navio velho de sempre, mas temos um novo capitão."

Continue lendo…

terça-feira, 10 de abril de 2007

Fenômeno da reminiscência

Olá amigos!

Decidi postar sobre o fênomeno da reminiscência. Apesar de não ser uma técnica de memorização, percebo quantos alunos fracassam academicamente simplesmente por desconhecerem esse fenômeno. Preparados para mudarem sua vida?

O fenômeno da reminiscência foi descoberto (por acaso, eu diria) em experiências que desejavam quantificar o tempo que se leva para esquecer qualquer coisa. Como esperado, as experiências mostraram que qualquer informação adquirida precisa ser revista com frequência para não ser esquecida (nenhuma novidade até aqui).

Um psicólogo inglês, P. B. Ballard, no entanto, descobriu que algum tempo depois de a pessoa adquirir um conhecimento, sua fixação é maior que imediatamente após a aquisição. Não entendeu? Bem, vamos então ao experimento do psicólogo.

O psicólogo fez um experimento envolvendo garotos de doze anos acostumados a aprender poesia no colégio. Estabelecendo como "unidade" o número de palavras que as crianças eram capazes de lembrar imediatamente após haverem lido a poesia pela primeira vez, e dando a esse número o valor 100, eis o que o Dr. Ballard encontrou:

Imediatamente após a leitura .......................................... 100
Um dia depois a média era ................................................ 111
Dois dias depois a média era ..............................................117
Três dias depois a média era ..............................................113
Quatro dias depois a média era ......................................... 112
Cinco dias depois a média era ............................................ 111
Seis dias depois a média era ............................................... 99
Sete dias depois a média era .............................................. 94

Vocês podem perceber quem nos cinco dias que se seguiram ao aprendizado, o efeito da reminiscência aumentou o poder de memória das crianças um ponto além da memória original.

Utilizando o fenômeno da reminiscência

Certamente você já ligou alguma vez para a operadora de telefonia para descobrir algum número telefônico. Quando não temos caneta e papel por perto, costumamos repetir o telefone centenas de vezes em nossa cabeça. Com medo de que os números caiam de nossa cabeça, ligamos para o dono do telefone recém descoberto... e torcemos para não dar ocupado! Se der ocupado, esquecemos! Não é assim?

A primeira regra da reminiscência para o aprendizado (não apenas de números) é: Um momento de descanso vale mais dois momentos seguidos de repetição.

Depois de haver repetido a informação a ser memorizada, faça uma pequena pausa e repita-o outra vez. Depois, faça outra pausa e repita novamente. Cada pausa permite que o fenômeno da reminiscência atue, aumentando a probabilidade de que você se lembre mais tarde.

Assim, nada de ficar repetindo fórmulas matemáticas ou leis como um papagaio! Mais tarde posto sobre os flash cards, outra aplicação do fenômeno da reminiscência.

Gostou? Que tal fazer a propaganda do blog para seus amigos?

Sucesso!


Continue lendo…

domingo, 8 de abril de 2007

Importância da sinestesia

Na década de 20, um cientista chamado Karl Lashley treinou ratos para correrem por um labirinto, atrás de comida. Para descobrir onde a memória dos ratos de localizava, o cientista foi removendo pequenas porções do cortex, para definir o momento em que não se lembrariam mais do caminho de volta. Para sua surpresa, após a remoção de 90% do cortex, os ratos ainda se lembravam do caminho. Após o experimento, concluiu-se (equivocadamente) que os ratos precisavam de apenas 10% do cérebro para a memória funcionar.

Na verdade, o que escapou da análise do cientista é que uma mesma memória tem várias representações (códigos de memória) diferentes. Ao percorrerem o labirinto, os ratos criavam uma enorme rede de associações: o tato, audição, olfato, visão e até mesmo o paladar de algumas regiões do labirinto. Desse modo, quando uma dessas associações se perdia (pela remoção do córtex), ainda existiam outras associações para guiá-los.

Muitas vezes me perguntam se não tenho medo de errar em alguma apresentação de memória na tv. Realmente, não tenho medo algum. O motivo? Uso sempre a sinestesia. Criando uma grande rede de associações sobre o assunto a ser memorizado, tenho a segurança de que, ao menos uma das associações, será memorável.

Sei que muitos de vocês não se interessam em se tornar um mentatleta. No entanto, seria interessante que vocês utilizassem mais seus sentidos para estudar. Anotações coloridas estimulam a visão. Evocar (contar com suas próprias palavras em voz alta) estimula a audição e a capacidade de articulação sobre o assunto. Ao estudar sobre a amazonia, por que não imaginar o cheiro das folhas das árvores?

Utilize todos seus sentidos e guarde as doces lembranças para sempre!

Até a próxima!



Continue lendo…

sábado, 7 de abril de 2007

Síndrome do sapo fervido

Prezados amigos,

li há alguns dias um texto de Luiz Carlos Cabrera, professor da Fundação Getúlio Vargas, que é bastante inspirador. Espero que gostem:

A síndrome do sapo fervido

É inegável a velocidade e a intensidade das transformações sociais, políticas e econômicas em todo o mundo. Mas o que tem sido feito, pelas empresas, para acompanhar estas mudan- ças tão turbulentas? Que respostas têm sido dadas às pressões do ambiente externo? Estamos mudando a orga- nização, sistema de trabalho e, principalmente, o comportamento das pessoas para enfrentar e vencer este desafio do mundo globalizado da competitividade, de profissionais mais maduros e conscientes? É aqui que entra a síndrome do "sapo fervido".

Vários estudos biológicos provam que um sapo colocado num recipiente, com a mesma água de sua lagoa, fica estático durante todo o tempo que aquecemos a água, até que ferva. O sapo não reage ao gradual aumento da temperatura (mudanças do ambiente) e morre quando a água ferve. lnchadinho e feliz. Por outro lado, outro sapo que seja jogado neste recipiente já com a água fervendo salta imediatamente para fora. Meio chamuscado, porém vivo!

Muitos de nós têm comportamento similar ao do SAPO FERVIDO. Não percebem as mudanças, acham que está tudo bem, que vai passar, que é só dar um tempo! E "quebram" ou fazem um grande estrago em suas empresas, "morrendo" inchadinhos e felizes, sem terem percebido as mudanças. Outros, graças a Deus, aos serem confrontados com as transformações, pulam, saltam; em ações que representam, na metáfora, as mudanças necessárias.

Temos vários sapos fervidos por aí, prestes a morrer, porém boiando estáveis e impávidos na água que se aquece a cada minuto. Sapos fervidos que não perceberam que o conceito de administrar mudou.

O antigo "administrar é obter resultados através das pessoas" foi gradualmente substituídos por administrar é fazer as pessoas crescerem através do seu trabalho, atingindo os objetivos da empresa e satisfazendo suas próprias necessidades".

Os sapos fervidos não perceberam, também, que seus gerentes, além de serem eficientes (fazer certo as coisas), precisam ser eficazes (fazer as coisas certas). E que para isso o clima interno tem que ser favorável ao crescimento profissional com espaço para o diálogo, para comunicação clara, para o compartilhamento, para o planejamento e para uma relação adulta.

O desafio ainda maior está na humildade de atuar de forma coletiva. Fizemos durante muitos anos culto ao individualismo e a turbulência exige hoje, o esforço coletivo, que é a essência da eficácia, como resposta. Tomar as ações coletivas exige, fundamentalmente, muita competência interpessoal para o desenvolvimento e o espírito de equipe; exige saber partilhar o poder, delegar, acreditar no potencial das pessoas e saber ouvir Os Sapos Fervidos, que ainda acreditam que o fundamental é a obediência e não a competência que manda quem pode e obedece quem tem juízo,"boiarão" no mundo da produtividade, da qualidade e do livre mercado.

Fonte: Luiz Carlos Cabrera - Professor da Fundação Getúlio Vargas.

Continue lendo…

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Leitura dinâmica

O que é leitura dinâmica?

Leitura dinâmica é um conjunto de estratégias de leitura em que se procura aumentar drasticamente a velocidade de leitura sem comprometer a compreensão.

Técnicas de leitura dinâmica


Assim como acontece nos cursos de memorização que existem por aí, os cursos de leitura dinâmica costumam fazer promessas exageradas de melhoras na qualidade da leitura. As técnicas de leitura dinâmica contém basicamente os seguintes componentes:
  • aumentar o campo visual (ler mais letras por pausa ocular - fixação)
  • eliminação da vocalização (repetir em voz alta aquilo que se lê) e a subvocalização ("dizer" as palavras em sua cabeça enquanto as lê)
  • skimming (passada rápida de olhos sobre o texto a ser lido para se inteirar sobre o que será lido).

Como funciona o processo de leitura


A primeira coisa que precisamos aprender sobre a leitura é que nossos olhos dão pequenas pausas oculares enquanto lemos. Apesar de termos a impressão de que nossos olhos caminham suavemente ao longo das linhas, isso é uma ilusão. O que realmente acontece é que nossos olhos dão pequenas pausas oculares de cerca de 300 milesegundos enquanto lemos. Peça para alguém ler um livro qualquer enquanto você observa seus olhos: você perceberá essas pausas. A diferença entre um leitor eficiente e uma criança não é a velocidade de cada uma dessas pausas, e sim o número de fixações feitas durante a leitura.

Considerando que cada fixação dure apenas 200 ms (o mínimo) e o limite máximo de caracteres lidos por fixação, o limite máximo de velocidade para a leitura seria de 900 palavras por minuto.

Lendo acima de 900 palavras por minuto

Apesar de considerar a velocidade de 900 palavras por minuto uma velocidade incrível, sei que muitos de vocês ficaram decepcionados: "Poxa, Alberto! O curso do fulano de tal disse que eu poderia ler acima de 1000 palavras por minuto". Ao treinarmos leitura dinâmica, aprendemos uma técnica chamada skimming, onde conseguimos "ler" em velocidades bem acima de 1000 palavras por minuto. É uma técnica que muitos de vocês já utilizam, por exemplo, procuram por algum nome em uma lista não ordenada alfabeticamente. O motivo de ter escrito "ler" entre aspas? Durante o skimming, não somos capazes de reter todo o material adequadamente. Assim, ficamos apenas com uma idéia geral sobre o texto.

Importância do skimming

O skimming tem grande importância na vida acadêmica. Dar uma leitura rápida antes de ler qualquer assunto, realmente é válido. O skimming torna o material mais familiar, facilitando a compreensão. No entanto, o skimming não substitui a leitura convencional.

Julgamento final

Por favor, não me levem a mal. Eu não estou de forma alguma condenando a leitura dinâmica, estou apenas criticando a propaganda enganosa que é feita em torno dela. Aprender o skimming (se você não aprendeu sozinho) realmente é valoroso e vai lhe ajudar bastante em sua vida acadêmica e profissional. Apesar de ter algumas restrições a total eliminação da subvocalização (na poesia ela é imprescindível), é fato que ela realmente torna a leitura bem mais lenta. Se você quer ler melhor e mais rápido, deve realmente procurar eliminar esse hábito. Assim, recomendo a todos vocês que realmente treinem a leitura dinâmica: vai realmente ajudá-los a ler cada dia melhor, mas estejam avisados de que não existe nada de mágico nisso. Entendo que muitas pessoas se sentirão ofendidas pela minha crítica a leitura dinâmica. No entanto, é precípuo salientar que minha crítica é totalmente abalizada por artigos científicos e livros de neurociência renomados.


Espero que tenham gostado!

Essa insônia... Vou brincar um pouco com o cubo mágico.

Continue lendo…

terça-feira, 3 de abril de 2007

Andi Bell

Mentatleta Andi Bell, mostra em documentário (em inglês), técnicas para memorizar cartas:



Outro vídeo (também em inglês) do mesmo:

Continue lendo…

Distração!

Há alguns dias, postei dicas de como acabar com os irritadiços problemas de atenção que nos incomodam diariamente. Abaixo seguem dois exemplos que ilustram bem o funcionamento dos códigos de memória.

Todas as manhãs, Dra. McPherson inicia o dia com dois copos de água morna com suco de limão. Lembrar−se disso realmente não é um problema, visto que é um hábito diário da doutora. No entanto, o problema surge quando ela se questiona se já tomou os dois copos ou se ainda falta um. Apesar de soar idiota, esse tipo de atitude é muito freqüente, principalmente quando fazemos várias coisas ao mesmo tempo.

Assim, para ter certeza que ela tomou o segundo copo, ela sempre remove os limões espremidos da pia após beber o segundo copo. Se surgir alguma dúvida sobre ter tomado os dois copos, basta dar uma olhada na pia: se ainda estiverem limões espremidos, ainda precisa tomar o segundo copo.



É também possível livrar−se da distração criando associações conscientes que lhe remetam ao evento futuro. Por exemplo, muitos se aborrecem por esquecer de pagar alguma conta de telefone que vence no dia corrente. O primeiro passo em busca do fim da distração é decidir o que você faz ou vê no último momento antes de sair de casa. Quanto a mim, é a fechadura da porta, visto que devo trancá-la antes de sair. Para lembrar-me de pagar as contas, devo criar uma associação inusitada entre contas de telefone e a fechadura da porta da sua casa. O local mais indicado para essa imagem seria sua própria sala de visitas ou o cômodo mais próximo da porta de saída da sua residência. Uma imagem possível seria você imaginar em sua sala de visitas um telefone enorme (conta de telefone) tentando passar pela fechadura (última coisa a ser vista) da porta da sala.

Agora preciso ir...

Onde foi que eu deixei a chave de casa mesmo?

Abraços a todos!

Ps: Ainda não terminei o artigo de leitura dinâmica... :(

Continue lendo…
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...