sábado, 6 de março de 2010

Efeitos dos contextos de aprendizagem

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Geralmente, ao lidarmos com técnicas de aprendizagem acelerada, existe uma preocupação com dois fatores básicos: o quê se aprende e como se aprende. Nesse artigo, trataremos de um terceiro fator, pouquíssimo abordado: o contexto de aprendizagem. O contexto de aprendizagem se refere às contingências e condições psicológicas em que a aprendizagem e evocação acontecem. Segundo pesquisas, existe uma forte relação entre o contexto de aprendizagem (aquisição da informação) e o contexto da evocação desse mesmo material. Um estudo1 identificou que informações aprendidas dentro d'água, em um traje de mergulho, eram evocadas mais facilmente dentro do mar e com o mesmo traje do que com outros trajes, fora d'água. Assim, de acordo com a lei do efeito do contexto, aquilo que é aprendido em determinado contexto, será evocado mais precisamente em um contexto similar do que em um contexto completamente diferente. De alguma forma, durante a aprendizagem, o contexto gera gatilhos da informação aprendida.
Imagino que ninguém tenha o interesse em aprender alguma coisa no fundo d'água, com traje de banho. No entanto, esse estudo traz uma importantes implicação para a criação de uma rotina de estudos: estudantes se lembram mais facilmente quando testados no mesmo ambiente em que estudaram. Com o objetivo de identificar o poder do contexto na aprendizagem, uma diferente pesquisa foi feita. Nessa pesquisa, os estudantes foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo memorizou diversas listas de palavras, cada qual em uma sala diferente. O segundo grupo, estudou as mesmas listas de palavras, mas todas na mesma sala. Quando os dois grupos foram testados em uma sala diferente, o primeiro grupo obteve um resultado mais satisfatório. A hipótese criada para explicar esse fenômeno foi a de que o primeiro grupo, após estudar em várias salas diferentes, criou uma maior variedade de gatilhos contextuais, promovendo uma maior flexibilidade durante a evocação. Assim, ao estudarem em diversos contextos diferentes, esses estudantes se tornaram menos dependentes do contexto de aprendizagem. 2

Como você pode usar os efeitos do contexto em suas sessões de estudo? Abaixo, listamos algumas possibilidades.3

a) Pratique no mesmo ambiente em que você será testado. Dessa maneira, durante o teste, você terá a sua disposição os mesmos gatilhos criados durante a sessão de aprendizagem. Por exemplo, é recomendado que estudantes tenham algumas sessões de estudo no mesmo ambiente em que ocorrerá a prova. Essas recomendações também são válidas em outros contextos de aprendizagem. Imagine que você precise fazer alguma apresentação para algum público (e.g., uma peça de teatro, declamação de poesias, discurso...). Nesses casos, ao ensaiar no mesmo local onde será realizada a apresentação, o processo de evocação é otimizado.

b) Quando não for possível usar a primeira estratégia, procure praticar em um ambiente o mais semelhante o possível ao ambiente em que será feito a prova. Por exemplo, se você for ensaiar uma aula expositiva, é melhor fazê-lo em uma sala de aula similar àquela onde você ministrará a aula. Ao ensaiar em uma sala semelhante, você gera gatilhos contextuais similares aos gatilhos que estarão presentes durante a aula propriamente dita.

c) Use o efeito do contexto durante sua prova. Se você tiver algum branco em determinada questão, feche os olhos e imagine que está no mesmo ambiente em que você estudou a informação que anda buscando. Dessa maneira, maiores são as chances de surgir algum gatilho que resolva seu problema.

d) Quando não souber as condições ambientes da prova, procure se imunizar em relação às mudanças contextuais. Ao praticar em diversos contextos diferentes, sua dependência em relação ao ambiente será bem menor.

5 comentários:

Jomar Filho disse...

Muito interessante. Forte abraço.

Victor disse...

Estou muito impressionado com isso... Pratico memorização há alguns meses, estou já conseguindo entrar num ritmo bom, e esses contextos de aprendizagem são algo que eu nunca havia parado pra pensar sobre.
O que mais me impressiona é que a vida inteira estamos acostumados com isso, mas não percebemos. Por exemplo, quando esquecemos o que iríamos dizer ou fazer, temos o costume de voltar para o lugar onde a idéia surgiu. Bem, se essa tática funciona na maioria das vezes, com certeza funcionará com os estudos também.
Valeu pela dica, inclusive vou experimentar adiconar música para dar uma "identidade" mais forte pro contexto. Talvez ouvir o mesmo cd na hora da revisão reforce mais ainda o resgate das informações.
E parabéns pelos posts, todos eles são brilhantes e muito úteis.

Roger disse...

Muito legal, quanto mais informações tivermos, sobre como usar as funções de resgate de memória do nosso cérebro, melhor.

CinyPaz disse...

Gostei muito desse artigo, muito interessante. Estou amando seu blog Alberto, acompanho sempre *-*

VadoAju disse...

Gostei do teu blog, e ja coloquei em meus favoritos, gostaria de saber porque vc não coloca um daqueles serviços de assinante, para tudo que vc postar possa ser enviadopara o e-mail do assinante

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