sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Análise de Pareto


Galileu uma vez disse: “O universo (...) não pode ser compreendido a menos que primeiro aprendamos a linguagem no qual ele está escrito. Ele está escrito na linguagem matemática e os seus caracteres são o triângulo, o círculo e outras figuras geométricas, sem as quais é impossível compreender uma palavra que seja dele: sem estes, ficamos às escuras, num labirinto escuro." Galileu estava certo. Alguns números (pi, número de ouro...) e formas (fractais, espirais, hexágonos...) aparecem frequentemente na natureza. Desse modo, essas ocorrências há séculos intrigam matemáticos e cientistas.
O gerenciamento de tempo também possui seus padrões misteriosos e recorrentes. Desses padrões, vamos destacar o Princípio de Pareto. Os padrões do Princípio de Pareto foi descoberto em 1897, pelo economista italiano Vilfredo Pareto (1848-1923). Após a morte de Pareto, o Princípio de Pareto tem recebido muitos nomes, dos quais poderíamos destacar: “lei de Pareto”, “lei 80/20”, “Lei do menor esforço” e “o princípio do desbalanceamento”. Apesar de possuir tantas opções, optamos por identificar esse fenômeno simplesmente por “lei 80/20”.

Mas afinal, o que Pareto descobriu? Pareto foi um grande estudioso dos padrões de riqueza e saúde do século XIX, na Inglaterra. Em seu estudo, ele percebeu que grande parte das riquezas se concentrava nas mãos de uma minoria de pessoas. Oras, nada de novo até aqui – ainda hoje, a existência de desigualdade social não é nenhuma novidade. No entanto, Pareto descobriu algo que tornou sua descoberta realmente extraordinária. Pareto descobriu a existência de uma relação matemática entre o número de pessoas estudadas e a porcentagem de riqueza distribuída entre elas. Em outras palavras, Pareto descobriu que apenas 20% da populaçào desfrutava de 80% das riquezas da Inglaterra. Ao analisar dados antigos da Inglaterra e até mesmo de outros países, Pareto descobriu que esse padrão se repetia várias vezes, com precisão matemática. Seria esse padrão apenas uma coincidência atordoante ou algo de grande importância para a economia e a sociedade? Ao conhecer os fatores responsáveis por essa desigualdade, não seria possível propor alguma mudança?


Mais de meio século após a descoberta da Lei 80/20, a IBM (International Business Machines) surge como a primeira empresa a utilizar o princípio de Pareto para otimizar seus negócios. Em 1963, época em que os computadores pessoais (Pcs) nem ao menos existiam, engenheiros da IBM descobriram que 80% do tempo gasto por seus computadores eram responsáveis por apenas 20% das linhas de código de seus programas. Desse modo, a empresa imediatamente reescreveu essas 20% de linhas de código, tornando esses trechos mais rápidos e amigáveis. Posteriormente, diversas outras empresas como Apple, Lotus e Microsoft aplicaram novamente o princípio 80/20 em suas criações, tornando os computadores cada vez mais baratos e populares.


Atualmente, a lei 80/20 continua a ser estudada extensivamente e tem levado a criação de diversas medidas nos campos social, empresarial e econômico.
Veja a seguir alguns exemplos concretos da lei 80/20.

• De todos e-mails recebidos, geralmente apenas 20% deles tem alguma importância. Assim, cerca de 80% deles são completamente dispensáveis (e muitas vezes, nem ao menos são lidos).
• 80% das vendas de uma empresa costuma vir de apenas 20% de seus clientes.
• Em uma empresa, 20% dos empregados são os responsáveis por 80% de todas licenças médicas.
• 80% das roupas que você sempre utiliza, geralmente são apenas 20% de todas as peças existentes em seu guardarroupa.

Observe que a lei 80/20 é uma ferramenta poderosíssima para a identificação de esforço e energia desperdiçados. Me lembro de alguns estudantes que se propõe a estudar 10, 12 ou até mais horas por dia. Estariam todas essas horas sendo completamente utilizadas? Quanto do seu tempo é desperdiçado concentrando-se apenas nas tarefas que lhe dão menos retorno? Fique ligado no blog para não permitir que a lei 80/20 atrapalhe sua produtividade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Alberto por mais um artigo! Espero que você nos ajude a aplicar a análise de Pareto na questão dos Estudos, pois como você mesmo afirmou, muitas pessoas” se enganam” ao achar que estudam 10 ou 12h por dia! Nada melhor do que estudar a técnica do “como” para uma maior otimização do estudo!

Gesiel disse...

Muito bom esse artigo acompanho sempre esse blog na espera de algum artigo novo tenho tres dos seus livros são muito bons.

Guilherme disse...

Bem interessante, bons exemplos, nunca tinha reparado nisso.

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