quarta-feira, 21 de maio de 2014

O príncipe e o Mago

Era uma vez um jovem príncipe, que acreditava em tudo, exceto em três coisas. Não acreditava em princesas, não acreditava em ilhas, não acreditava em Deus. Seu pai, o rei, disse-lhe que tais coisas não existiam. Como não havia princesas ou ilhas nos domínios de seu pai, e nenhum sinal de Deus, o príncipe acreditou no pai.
            Um dia, porém, o príncipe fugiu do palácio e dirigiu-se ao país vizinho. Lá, para seu espanto, viu ilhas por toda a costa, e nessas ilhas viu criaturas estranhas e perturbadoras, às quais não se atreveu a dar nome. Quando estava procurando um barco, um homem vestido de noite dele se aproximou na beira da praia.

            - Estas ilhas são de verdade? – perguntou o jovem príncipe.
            - Claro que são ilhas verdadeiras – disse o homem vestido de noite.
            - E aquelas estranhas e perturbadoras criaturas?
            - São todas autênticas e genuínas princesas.
            - Então, também Deus deve existir! – bradou o príncipe.
            - Eu sou Deus – replicou o homem vestido de noite, com uma reverência. O jovem príncipe retornou a casa tão depressa quanto pôde.
            - Então, estais de volta – disse o pai, o rei.
            - Vi ilhas, vi princesas, vi Deus – disse o príncipe num tom reprovador.
            O rei não se abalou.
            - Não existem ilhas de verdade, nem princesas de verdade, nem um Deus de verdade.
            - Eu os vi!
            - Diga-me como Deus estava vestido.
            - Deus estava todo vestido de noite.
            - As mangas de sua túnica estavam arregaçadas?
            - O príncipe lembrou-se que estavam. O rei sorriu.
            - Isso é o uniforme de um mago. Você foi enganado.
            Com isso, o príncipe retornou ao pais vizinho e foi para a mesma praia, onde mais uma vez encontrou o homem todo vestido de noite.
            - Meu pai, o rei, contou-me quem és – disse o príncipe indignado. – Tu me enganaste da última vez, mas não o farás novamente. Agora sei que estas não são ilhas de verdade, nem aquelas criaturas são princesas de verdade, porque tu és um mago.
            O homem da praia sorriu.
            - És tu que estás enganado, meu rapaz. No reino de teu pai existem muitas ilhas e muitas princesas. Mas tu estás sob o encanto de teu pai, logo não podes vê-las.
            O príncipe, cabisbaixo, voltou para casa. Quando viu o pai, fitou-o nos olhos.
            - Pai, é verdade que tu não és um rei de verdade, mas apenas um mago?
            O rei sorriu e arregaçou as mangas.
            - Sim, meu filho, sou apenas um mago.
            - Então o homem da praia era Deus.
            - O homem da outra praia era outro mago.
            - Tenho de saber a verdade, a verdade além da magia.
            - Não há verdade além da magia – disse o rei.
            O príncipe ficou profundamente triste.
            - Eu me matarei – disse ele.
            O rei, pela magia, fez a morte aparecer. A morte ficou junto à porta e acenou para o príncipe. O príncipe estremeceu. Lembrou-se das ilhas belas mas irreais e das princesas belas mas irreais.
            - Muito bem – disse ele – eu agüento com isto.
            - Vê, meu filho – disse o rei –, tu, também, agora começas a ser um mago.
Reproduzido do livro “A Estrutura da Magia – Um Livro sobre Linguagem e Terapia”, de Richard Bandler e John Grinder, extraído originalmente de “The Magus”, de John Fowles.

6 comentários:

Unknown disse...

Sou só mais um brasileirinho retardado: Não entendi a moral.

Unknown disse...

q merda... pedi meu tempo q história tosca, tb n entendi a moral?

Unknown disse...

q merda... pedi meu tempo q história tosca, tb n entendi a moral?

Unknown disse...

Excelente texto. A vida é como uma "ilusão" que criamos em nossa cabeça. A realidade dos fatos varia conforme os interpretamos.

Alberto Dell'Isola disse...

Justamente!

Unknown disse...

Esse texto me deixa espantado. Minha primeira namorada acabou de me largar e eu afundando numa paixao platonixa doentia. Alberto vc eh meu heroi(mesmo n sendo real)

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