[Hoje, começamos uma série de postagens com rotinas de hipnose.
Antes de
iniciar essa rotina, lembre-se de já ter estabelecido o rapport. Se possível,
utilize alguma rotina de pseudo-hipnose como preparação do sujeito. O indivíduo
precisa estar sentado à uma mesa. Esse é um bom exemplo de como podemos
concatenar varias sugestões, uma em seguida da outra.]
Você é destro ou canhoto?
[Suponha que ele tenha respondido que e destro]
Eu preciso que você coloque sua mão direita aberta sobre a
mesa. . . Isso.
. .
[Lembre-se de sempre acompanhar e conduzir]
Você pode deixar o seu braço esquerdo de lado, solto ao lado
da sua perna esquerda.
[A posição da mão esquerda é irrelevante. No entanto, dessa maneira, você cria um comando extra, que torna o indivíduo ainda mais aberto à sugestão]
Agora, olhe para um ponto específico da sua mão. . .
Permita que sua atenção seja totalmente absorvida pela sua mão. . .
Continue olhando continuamente para esse ponto. . .
[Se o indivíduo estiver usando algum tipo de anel, peça que
foque sua atenção nesse objeto. No próximo capítulo, você aprenderá algumas
induções hipnóticas baseadas na fixação do olhar. Ainda que essa rotina não
envolva uma indução hipnótica, a fixação do olhar facilita bastante na execução
da rotina, já que ela força o sujeito a prestar bastante atenção a tudo aquilo
que o hipnotista irá dizer.]
Continue olhando fixamente para sua mão. . .
e sinta sua mão tocando a mesa. . .
[Ao mencionar o contato da mão do sujeito com a mesa, você
sugere que ele preste atenção nesse contato, criando um elemento fisiológico a
ser agregado a sua sugestão]
Sinta sua mão tocando a mesa. . .
Sinta a maneira como a mesa empurra sua mão para cima. . .
[Já fiz várias vezes essa rotina em bares e restaurantes. Se
você estiver realizando-a em algum ambiente barulhento, utilize-se do próprio
barulho ao redor do sujeito para aumentar ainda mais a sua concentração.]
O barulho ao seu redor.
. . as pessoas conversando. . .
apenas servem para que você preste ainda mais atenção à atração que sua mão
exerce sobre a mesa e à atração que a mesa exerce sobre sua mão. . .
Enquanto você sente sua mão sendo atraída pela mesa, gostaria
que você imaginasse uma cola muito poderosa, sendo espalhada entre sua mão e a
parte superior da mesa. . . A cola começa a se espalhar pela sua mão. . .
e pela mesa. . . Quanto mais a cola se espalha, mais sua
mão fica colada e presa sobre a mesa.
. . Mais colada. . .
mais presa. . . Quanto mais você olha para sua mão, mais
colada ela fica. . . Enquanto ela fica ainda mais presa, ainda
mais colada, me responda: O que está mais preso, a palma da sua mão ou seus
dedos?
[James Rolph utiliza-se dessa pergunta para instalar ainda
mais a sugestão. Na verdade, a resposta não importa muito. No entanto,
utilize-se da própria resposta do sujeito para instalar ainda mais a sugestão.
Suponha que o indivíduo tenha respondido que os dedos estão mais presos]
Os dedos . . . os dedos estão mais presos. . .
Observe como os dedos podem ficar ainda mais colados. . .
completamente presos. . .
[Se quiser, pode acrescentar um pequeno elemento fisiológico
a essa sugestão. Toque com a sua mão os dedos do sujeito, pressionando-os
levemente sobre a mesa]
Completamente colados.
. . Quanto mais seus dedos estão
colados, mais colada fica a palma da sua mão.
. . Nesse momento, farei uma
contagem até cinco. Quando chegar no número cinco, e apenas nesse momento, você
tentará levantar seus dedos, mas sem conseguir.
[A partícula “mas” é muito poderosa. Ela funciona como um
verdadeiro apagador. Ao utilizá-la, você substitui o comando da frase que
precede a partícula “mas” pelo comando da frase posterior. Nesse caso, a
palavra “mas” apaga o comando “você tentará levantar seus dedos”, instalando
apenas a frase que vem depois “mas não vai conseguir”. Se você não se importar
em cometer erros de português, pode simplesmente falar a frase: “Você tentará
levantar seus dedos, mas não consegue”. Ainda que esteja com erro de
concordância, o uso da forma imperativa do verbo conseguir (consegue) favorece
a instalação da sugestão]
1. . . . A
cola está secando e seus dedos estão ficando completamente colados.
[Enquanto
avança na contagem, aumente a imperatividade de seu discurso]
2. . . . A
cola está quase seca e seus dedos estão completamente colados. .
. . Completamente
colados. . . .
3. . .
. a cola já está completamente
seca e seus dedos já estão completamente
colados. . .
.
Quanto mais você tentar descolar os dedos, mais colados eles
vão ficar. . .
. . Mais
colados. . . .
4. . . .
Quanto mais você tentar descolar os dedos ou suas mãos, mais colados eles vão
ficar. .
. . . Cada vez mais colados. .
. .
5. . . .
Tente levantar seus dedos, mas sem conseguir.
. . .
Quanto mais força você faz, mais colados eles ficam. .
. .
Cada vez mais colados. .
. .
Completamente colados.
. . .
[Após a tentativa frustrada do sujeito em levantar a mão,
pergunte]
Eu te disse. Estão completamente colados. Como é essa
sensação?
[Ele vai responder. Utilize-se da própria resposta do
sujeito para instalar ainda mais os próximos comandos. Suponha que ele tenha
respondido que é estranha]
Realmente é uma sensação estranha. . .
muito estranha. . . Você está em um transe ou algo assim?
[James Rolph realiza essa pergunta com o objetivo de
instalar ainda mais a sugestão. Geralmente, os sujeitos vão responder que não
estão em transe. Independentemente da resposta, simplesmente repita-a para
instalar ainda mais a sugestão. Suponha que ele tenha respondido que não está
em transe]
Não. .. você está completamente acordado e sua mão está
completamente presa. . . O que acontece quando você tenta
levantá-la?
[A resposta não importa muito. O importante é você
repeti-la, aumentando o rapport e instalando ainda mais as sugestões. Suponha
que ele responda que ela gruda ainda mais. ]
Ela gruda ainda mais. Em algum momento, vou tocar as costas
de sua mão. . . Quando eu fizer isso. . .
e apenas quando eu fizer isso.. sua mão ficará completamente livre e você
poderá movê-la facilmente. . .
[Para encerrar a sugestão, basta tocar as costas da mão do
sujeito. No entanto, se quiser instalar ainda mais sugestões no sujeito,
continue dizendo]
Antes de sua mão ser liberada, algo ainda mais interessante
vai ocorrer. . . Mas você ainda não sabe. . .
[Nesse momento, instalamos no sujeito a expectativa sobre as
próximas sensações. Ele já está impressionado com a rotina e certamente está
ansioso pelas outras sensações que poderá sentir]
Agora, vou tocar nas costas da sua mão. . .
[toque levemente as costas da mão do sujeito]
Você sente o afrouxamento da sua mão. . .
Aos poucos, ela vai se libertando.
. . Mas o interessante é que
quando eu fiz isso. . .
[repita no ar o gesto do toque que você acaba de fazer]
. . . sua mão descolou-se, mas seu copo de
cerveja. . . e isso é algo estranho. . .
tornou-se preso à mesa. . . enquanto você sente a sua mão sendo
descolada, o copo vai se colocando ainda mais à mesa.
[Observe que utilizei novamente a palavra “estranho”. Essa
palavra foi a mesma utilizada pelo sujeito para descrever a sensação da mão
colada sobre a mesa. Ainda que seja apenas uma sugestão, o sujeito realmente
sente uma sensação fisiológica (ou seja, real) da mão sendo libertada.
Sabiamente, James Rolph aproveita-se dessa sensação para instalar a nova
sugestão: o copo colado sobre a mesa]
Enquanto sua mão é liberada, o copo fica mais e mais colado
sobre a mesa. . . Segure o copo. . .
mas bem levemente. . . não queremos correr o risco de o copo
derramar e você desperdiçar toda a sua cerveja. . .
[Essa é uma sacada genial do James Rolph. Provavelmente, a
sugestão do copo colado sobre a mesa já está instalada. No entanto, ele não
quer correr o risco e prefere utilizar-se de mais elementos para instalar ainda
mais a sugestão]
Segure levemente o copo.
. . Enquanto você sente o copo
gelado sobre sua mão, ele cola ainda mais na mesa. . .
[Esse foi um elemento que eu inseri a essa rotina. Oras,
ainda que a cerveja ou refrigerante não estejam tão gelados, o copo geralmente
está. Dessa maneira, não custa nada utilizarmos desse elemento fisiológico para
instalar ainda mais a sugestão. ]
Tente levantar o copo, mas sem conseguir. . .
[Se você estiver inseguro, pode incluir uma contagem de um a
cinco envolvendo a sensação do copo gelado e o fato de ele se tornar mais e
mais colado à mesa]
O copo está completamente colado à mesa. . .
Quanto mais você tenta, mais colado o copo fica sobre a mesa. . .
Você até consegue deslizar o copo sobre a mesa, mas não consegue levantá-lo.
[Após ouvir o seu comando, o sujeito vai tentar deslizar o
copo sobre a mesa. Você acaba de utilizar o “deslizar” como um comando
disfarçado para colar o copo ainda mais à mesa]
No momento em que eu estalar os dedos e apenas quando eu estalar
os dedos, o copo ficará livre da mesa, mas seus dedos continuarão presos ao
copo.
[Estale os dedos]
Lentamente, tente levantar o copo. Enquanto você levanta o
copo, seus dedos ficam mais e ais presos.
. . mais e mais colados. . .
[Esses comandos envolvem elementos fisiológicos óbvios.
Oras, o sujeito vai levantar o copo. Para isso, ele vai necessariamente prender
os dedos ao copo. No entanto, você se aproveita dessa sensação para induzir
ainda mais a sugestão de que os dedos estão presos ao copo]
Enquanto movimenta o copo no ar, seus dedos ficam ainda mais
presos, ainda mais colados. . .
[Nesse momento, você pode interromper o processo ou instalar
uma nova sugestão a partir dessa. Suponha que você deseja instalar ainda mais
uma sugestão.]
Lentamente, coloque o copo sobre a mesa: como disse
anteriormente, não queremos desperdiçar sua cerveja..
Quando eu estalar meus dedos, mas apenas quando eu estalar
os dedos, o copo ficará livre. No entanto, mais uma vez, algo ainda mais
incrível acontecerá no momento em que eu estalar os dedos.
[Estale os dedos]
Lentamente, seus dedos se descolam do copo. . .
Mas enquanto se descolam, você percebe que sua bunda está presa ao assento. . .
Quanto mais seus dedos se descolam, mais sua bunda fica presa ao assento. Cada
vez mais presa. . . Cada vez mais presa. . .
Quanto mais você tenta levantar-se, mais preso você fica à cadeira. . .
Tente levantar-se, mas não consegue.
[Observe o imperativo “não consegue” e o erro proposital de concordância.
Se estiver inseguro em relação às respostas do sujeito, crie uma nova contagem
para instalar ainda mais a sugestão de o indivíduo estar preso à cadeira]
[Mais uma vez, você
pode interromper o processo ou instalar uma nova sugestão a partir dessa.
Suponha que você deseja interromper o processo]
Quando eu estalar meus dedos, seu corpo estará livre. . .
[estale os dedos]
Um comentário:
Sensacional a descrição desta rotina! Parabéns!
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