Ninguém sabe ao certo o que é a hipnose. No entanto,
isso não significa que não possamos utilizar de seus benefícios. Basicamente, a
hipnose pode ser considerada como um estado mental propício para o
comportamento inconsciente ao invés do comportamento consciente.
Em outras palavras, podemos compreendê-la como uma forma
de programação da mente em que ela funcionaria por meio do sistema autônomo do
corpo. Veja a seguir alguns mitos relacionados a hipnose.
Hipermnésia
Na ficção, a hipnose frequentemente
é utilizada para ajudar as pessoas a lembrar dos detalhes exatos de um crime
que testemunhou.
“O massacre de uma família nos arredores de Estocolmo
abala a polícia sueca. Os homicídios chamam a atenção do detetive Joona Linna,
que exige investigar os assassinatos. O criminoso ainda está foragido, e há
somente uma testemunha: o filho de 15 anos, que sobreviveu ao ataque. Quem
cometeu os crimes o queria morto: ele recebeu mais de cem facadas e está em
estado de choque. Desesperado por informações, Linna só vê uma saída: hipnose.
Ele convence o Dr. Erik Maria Bark – especialista em pacientes psicologicamente
traumatizados – a hipnotizar o garoto, na esperança de descobrir o assassino
através das memórias da vítima. É o tipo de trabalho que Bark jurara nunca mais
fazer: eticamente questionável e psicologicamente danoso. Quando ele quebra a
promessa e hipnotiza o garoto, uma longa e aterrorizante sequência de
acontecimentos tem início.” (sinopse do thriller O hipnotista, de Lars Kepler)
A hipnose realmente pode ajudar as
pessoas a se lembrar de fatos esquecidos. Por exemplo, já ouvi relato sobre uma
pessoa que teria utilizado a hipnose para se lembrar de uma senha de um antigo
cofre. No entanto, ainda que a hipnose possa ser usada para potencializar a
memória, os efeitos da suposta hipermnesia decorrente das sessões de hipnose
tem sido drasticamente exagerados nos meios populares. Pesquisas indicam que a
maior parte dessas supostas memórias são falsas ou distorcidas.
Dessa maneira, só é possível
potencializar lembranças marcantes que, por algum motivo, se encontram
bloqueadas. Por exemplo, voltemos ao exemplo da senha do cofre. Provavelmente,
a senha não era evocada devido a algum bloqueio de memória. No entanto, se essa
memória realmente tivesse sido completamente apagada, dificilmente seria
evocada.
Hipnose não é meditação.
A meditação é uma prática em que um
indivíduo treina a mente ou induz a um modo de consciência, seja para obter algum
benefício direto ou até mesmo como um fim em si mesmo. Confunde-se
frequentemente hipnose e meditação, visto que ambas frequentemente envolvem
estados alterados de consciência. No
entanto, existem algumas diferenças cruciais entre as duas práticas. Veja o
quadro a seguir:
|
Meditação
|
Hipnose
|
Motivação
|
Concentrar-se
em sim mesmo.
|
Concentrar-se
em algo exterior a si.
|
Objetivos
|
Não existem
necessariamente objetivos.
|
Frequentemente
existem objetivos envolvidos com a prática.
|
Processo
|
Após
ingressar no estado alterado de consciência, foca-se em si mesmo.
|
Após
ingressar no estado alterado de consciência, recebe-se sugestões.
|
Na hipnose, você frequentemente
passa pelo estado de meditação. No entanto, em seguida, procura trabalhar
alguma mudança de pensamento, ideia ou atitude. Em contrapartida, na meditação
você não se preocupa em alterar seus modelos de pensamentos.
Hipnose não é sinônimo de
terapia
Ao contrário do que muitos imaginam,
hipnose não é uma linha psicoterapêutica. Na verdade, é uma técnica que pode
ser aplicada como catalizador de processos terapêuticos. Em outras palavras: é
uma ferramenta que pode ser utilizada por psicólogos, independentemente da sua
linha teórica.
Chamamos de hipnoterapia ao uso da
hipnose como ferramenta durante o processo terapêutico. Veja bem: hipnoterapia
não é sinônimo de hipnose.
Hipnose não é relaxamento
Uma vez, um amigo me disse: “Odeio
esses métodos de relaxamento. Por isso, nunca experimentei a hipnose”. Contrariando
o senso comum, não é necessário estar relaxado durante a hipnose.
Certamente, é mais fácil hipnotizar
alguém quando o indivíduo se encontra relaxado. No entanto, o transe hipnótico
pode ser obtido enquanto você está tenso, triste ou até mesmo nervoso.
Hipnose não é o mesmo que
dormir
Apesar de já ter sido considerada um
estado específico do sono, hipnose e sono são estados completamente distintos.
Durante o sono, sua mente parece agir como um barco à deriva: você parece não
ter controle sobre seus pensamentos. Por outro lado, durante a hipnose, você se
interessa e participa ativamente daquilo que está pensando.
O motivo pelo qual se confunde
hipnose com o sono é o fato de que, na hipnose, frequentemente o sujeito sob o
efeito da hipnose se encontra de olhos fechados. No entanto, isso é devido ao
fato de ser mais fácil concentrar-se em nossos pensamentos estando de olhos
fechados.
Veja
no quadro abaixo as principais diferenças entre eles.
Sono
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Hipnose
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Olhos
fechados.
|
Olhos podem
estar fechados, mas também podem estar abertos.
|
Corpo
relaxado.
|
Frequentemente,
o corpo se mantém relaxado. No entanto, pode ser instruído para tornar-se
rígido.
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Não escuta
conversas.
|
Escuta a voz
do hipnólogo.
|
Costuma
mover-se.
|
Não se move.
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Sem
habilidade para concentrar-se.
|
Muita
habilidade para concentrar-se.
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Estudos com
EEG mostram pouca atividade de ondas alfa.
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Estudos com
EEG mostram muita atividade de ondas alfa – um indicativo do estado de alerta.
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3 comentários:
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Fala Alberto, que bom que voltou a ativa! a internet brasileira esta precisando de caras como você, com dicas sobre memorização e agora com outros assuntos interessantes: mentalismo e hipnose, estou acompanhando suas dicas. Também tenho um blog sobre memorização e técnicas de estudo, e tento ajudar os outros com o pouco de conhecimento adquirido. abraços
A Hipnose é algo incrível, mudou a minha vida. Quem quiser se aprofundar e mora em SP acessa esse o link do evento:Curso de Hipnose em SP 2018. Ministrado pelo Jheyson Marcilio.
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