Psicoterapia é um termo genérico que
é utilizado para descrever o processo de tratamento de distúrbios psicológicos
ou angústia mental. Durante este processo, um psicoterapeuta (geralmente, com
formação em psicologia e/ou psicanálise) treinado ajuda o cliente a resolver um
problema específico ou geral, como uma doença mental em particular ou uma fonte
de estresse da vida.
Dependendo do método utilizado pelo terapeuta, uma vasta
gama de técnicas e estratégias podem ser usadas. Dentre essas técnicas,
destaca-se hipnose.
Hipnoterapia é simplesmente o uso da
hipnose para fins terapêuticos. Atualmente, costumamos dividir as técnicas de
hipnoterapia em dois tipos: Tradicional ou Ericksoniana.
A Hipnoterapia Tradicional utiliza
uma linguagem de comando, conhecida como “sugestão direta”. Em contrapartida, a
Hipnoterapia Ericksoniana usa sugestões indiretas. Sugestões indiretas são
muito mais difíceis de resistir, porque elas muitas vezes não são reconhecidas como sugestões pela mente
consciente, já que geralmente são apresentadas na forma de metáforas.
Veja a seguir alguns detalhes de
cada uma dessas técnicas.
Hipnose Ericksoniana
Milton Hyland Erickson (1901-1980)
foi um psiquiatra americano especializado em hipnose médica e terapia familiar.
Provavelmente, Erickson foi um dos pesquisadores que mais estudou o uso clínico
da hipnose no século XX, tornando-se praticamente sinônimo de hipnoterapia.
Provavelmente, você já passou horas
e horas conversando com alguém, sem que percebesse as horas passando. Nesses
casos, a interação através da conversa é suficiente para atingirmos o transe
hipnótico. Segundo o Erickson, em terapia, algo similar ocorria. Ele acreditava que, ao chegarem ao seu
consultório, seus clientes estariam muito motivados e propensos a realizar o
processo terapêutico. Dessa maneira, na maior parte dos casos, a indução
hipnótica seria dispensável, visto que esses clientes já teriam a motivação
necessária para entrar em transe naturalmente através da conversa.
Formalmente, Erickson nunca se
identificou com alguma teoria psicoterapêutica da psicologia. No entanto, suas
ideias acerca do processo terapêutico se alinham bastante com a abordagem
centrada na pessoa de Carl Rogers. Segundo Erickson e Rogers, a cura psíquica
ocorre sem a necessidade de comandos diretivos. Ou seja: o papel do
psicoterapeuta não seria dar ordens ou avaliar o comportamento do cliente.
Segundo eles, as pessoas já possuem dentro de si todo o conhecimento necessário
para resolver todos seus problemas. Assim, o terapeuta seria um catalisador do
processo.
Hipnose tradicional
A abordagem tradicional ou diretiva
também identifica o transe hipnótico como um fenômeno natural. Por outro lado,
ao contrário da abordagem Ericksoniana, a abordagem tradicional não se utiliza
de metáforas: ela é literal e direta. Além disso, a hipnose tradicional
considera essencial a indução do transe hipnótico.
De acordo com essa abordagem, o
inconsciente é extremamente receptivo à sugestão quando em um estado de transe.
Dessa maneira, em vez de utilizar-se de metáforas, o terapeuta realiza uma
sugestão direta e específica, de a acordo com os objetivos do cliente.
A hipnose tradicional costuma
dividir-se em quatro etapas distintas:
Passo 1 - Motivação. A motivação é a grande
responsável pelo fim dos eventuais bloqueios para o transe hipnótico. Sem essa
motivação, o indivíduo vai ter bastante dificuldade para praticar a
auto-hipnose.
Passo 2 – Relaxamento. A maioria das sessões de
hipnose começar com algum tipo de exercício de relaxamento para liberar o corpo
da tensão superficial. Uma técnica comum é a chamada de "relaxamento
progressivo", na qual o cliente se concentra e relaxa o corpo de um grupo
muscular por vez até que todo o corpo se acalme. Essa prática costuma induzir
um estado hipnótico leve.
Passo 3 –A indução hipnótica. Depois do relaxamento
físico, é preciso relaxar a mente do cliente. Esse relaxamento mental acontece
durante o processo de indução hipnótica. Há dezenas de possíveis métodos de
indução, a maioria dos quais são projetadas para redirecionar ou distrair o filtro
crítico da mente consciente. Após o fim do filtro crítico de nosso consciente,
nosso inconsciente pode absorver as sugestões sem impedimentos. Muitos métodos
de indução costumam incluir algum tipo de contagem, porque os números podem ser
utilizados como uma medida dos níveis de relaxamento e hipnose.
Passo 4 – Sugestões
hipnóticas e pós-hipnóticas. Uma vez que um nível satisfatório de hipnose tenha sido
alcançado, o cliente está pronto para aceitar sugestões do hipnoterapeuta. Às
vezes, as primeiras sugestões envolve o aprofundamento da própria hipnose, com
o objetivo de se obter um transe mais profundo. Geralmente, esse aprofundamento
é obtido com uma simples sugestão: "Você está indo mais a fundo no
processo hipnótico”. Durante as sessões de hipnoterapia, o terapeuta costuma
testar várias sugestões de aprofundamento do transe para perceber com qual
delas o cliente melhor se identifica.
Após obter-se o aprofundamento do
transe hipnótico, sugestões para a mudança imediata (hipnóticas) ou futura (pós-hipnóticas)
são oferecidas através de sugestões verbais. Vamos a um exemplo: suponha que
você esteja realizando sessões de hipnoterapia com o objetivo de parar de
fumar. Nesse caso, um exemplo de sugestões hipnótica imediata seria : ”Agora,
você é um não-fumante e permanecerá assim”.
No entanto, podem haver sugestões com o objetivo de serem acionadas no
futuro, tais como: "Sempre que você vir um cigarro, você vai se lembrar de
eu cheiro e gosto repugnantes” ou algo similar. Uma sessão de hipnoterapia
costuma oferecer várias sugestões diferentes. No entanto, elas normalmente focam
um único tópico (e.g. fim do tabagismo, perda de peso, aumento de confiança,
dentre outros).
É importante ressaltar que a hipnose
tradicional também possui interação entre o cliente e o terapeuta através da
conversa. No entanto, a abordagem de Erickson é interativa durante a sessão
hipnótica propriamente dita, enquanto que a abordagem diretiva é mais
interativa antes da sessão.
Passo 5 – Retorno da hipnose. Finalmente, o cliente deverá sair do transe
hipnótico. Alguns hipnólogos se referem a esse passo como o “despertar da
hipnose”. No entanto, apesar de ser uma expressão muito utilizada, o termo
“despertar” é um pouco equivocado. Como vimos anteriormente, hipnose não é o
mesmo que sono. Assim, não faria sentido falar em despertar desse estado.
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